Nos últimos dias o Brasil assistiu a situações de violência policial que resultaram na morte de dezenas de pessoas. Além da Operação do Jacarezinho, a semana se encerra a cena de dois Policiais Rodoviários Federais criando uma câmera de gás em sua viatura que matou uma pessoa em surto de saúde mental.
A ideologia da morte se espalha como uma forma legitima e inquestionável e como a única solução para reduzir a violência no Brasil, combinada com um ataque permanente as instituições de Justiça.
O populismo violento claramente se aproveita da sensação de medo para apoiar ações trágicas como solução para o problema da violência e deslegitimar qualquer forma de questionamento, assim como fazem os regimes autoritários que sempre possuem uma forma para justificar suas atrocidades.
Além de ser eticamente questionável, o fato é que o assassinato em massa de pessoas envolvidas com a criminalidade como estratégia de segurança não se passa de uma falácia, paga muitas vezes ao custo de vidas de cidadãos que não tinham envolvimento nenhum com crime e milhares de pessoas expostas mais uma vez a situações de pavor.
Mais uma vez o Presidente usa a sua própria falta de uma política séria de Segurança para polarizar a sociedade, vendendo as mesmas ilusões que são vendidas há mais de 40 anos no Rio de Janeiro, sem que a situação realmente se modifique.
É difícil imaginar que no dia seguinte de mais uma chacina provocada pelo Estado alguma coisa tenha realmente sido modificada no tráfico de drogas, na criminalidade e na situação de medo vividas por essas comunidades.
Sem uma estratégia integrada muito potente e integrada por município, Estado e Governo Federal que envolva programas de prevenção a violência, programas de urbanismo, uma nova forma de atuação da polícia com confiança das comunidades e reforma profunda no sistema prisional, a situação de violência do Rio de Janeiro não vai se modificar.
O Instituto Cidade Segura vem demonstrando em diversas cidades do país que é possível modificar essa realidade de violência com políticas públicas sérias e bem planejadas entre policias, sistema de justiça e programas específicos de prevenção a violência.
Armas distribuídas massivamente e violência institucional não construíram nenhuma experiência exitosa de redução da violência no mundo. Pelo contrário. Resultam apenas em chacinas em escolas, em favelas e em camburões.
O Instituto Cidade Segura se solidariza com as famílias das vítimas da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, e de Genivaldo de Jesus Santos, em Sergipe.